Reverter potenciais artísticos e esportivos para o bem. Esse é o principal objetivo do Movimento Hip Hop Organizado (MH2O). Há cinco anos, seus integrantes desenvolvem a campanha Craques versus Crack, com o objetivo de atingir mais jovens a fim de não os desviar de um futuro cheio de boas perspectivas.
A edição deste ano da campanha durou 10 dias e foi encerrada ontem com oficinas de break e DJ, festival de rock e rodas de capoeira, no bairro Conjunto Ceará, sede do Movimento em Fortaleza. A programação contou com atividades esportivas e culturais. A campanha contou com o apoio da Secretaria municipal de Esporte e Lazer.
Umas das organizadoras da campanha e diretora comercial do MH2O, Elizabeth Abreu, explica que a ideia começou pela preocupação constante com as drogas. “O crack é um grande mal. Esses dez dias foram o ponta pé inicial. Cerca de 500 jovens participaram das nossas atividades. Queremos levar a campanha para outros bairros e para o Interior”, diz.
O Movimento é estruturado em torno de três elementos - dança, música e pintura - para desenvolver o grafite, o break, o smurf dance e o rap em comunidades cujo elevado índice de violência põe em risco a potencialidade de milhares de crianças e adolescentes. “Conseguimos trazer chefes de gangues para o bem”, conta Ozinete Santana, que participou da fundação do MH2O, em 1988.
A entrada para o Movimento é uma mudança de vida, de acordo com o estudante Francisco Rubens de Sousa, 19. Ele fala que antes “quase caía no mau caminho”. Hoje, ele é vice-coordenador do Núcleo MH2O, do Bom Jardim. “Meu conceito de vida mudou. Sou professor de basquete”, comenta, orgulhoso.
Rubão, como é conhecido, vem também repassando boas lições para seus 50 alunos. “Eu converso muito com eles sobre mercado de trabalho, sobre temas da atualidade. Nesta semana, estamos conversando sobre desigualdade social”, diz.